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    porto velho, domingo 13 de abril de 2025

O que são emergências oncológicas, que podem ocorrer durante o tratamento

Carga tóxica de medicamentos utilizados e a própria progressão da doença criam um desafio a mais para os pacientes...


G1

Publicada em: 10/04/2025 10:03:41 - Atualizado

BRASIL: Enfrentar o tratamento de um câncer já é um desafio que demanda toda a energia do paciente. Além de cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia, há ainda a possibilidade de uma emergência oncológica, um quadro pouco discutido nos consultórios e até se entende o porquê: com tantos procedimentos pela frente, os médicos não querem gerar pânico com alertas sobre o risco de intercorrências. Esse foi um dos muitos temas abordados no X Congresso Internacional Oncologia D´Or, realizado no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de abril.

O assunto é tão vasto que vou me limitar a abordar três tópicos. O primeiro diz respeito à cardiotoxicidade, ou toxicidade cardíaca. Tanto os quimioterápicos tradicionais quanto os mais modernos, assim como os medicamentos conhecidos como terapia-alvo, que agem nas células tumorais, podem causar danos ao músculo cardíaco e levar à insuficiência cardíaca.

“Todo paciente oncológico que passou dos 45, 50 anos deve fazer uma avaliação cardiovascular completa antes do início das sessões de quimioterapia. Não há como evitar o risco da cardiotoxicidade, mas podemos mitigar, atuar preventivamente, com medicamentos cardioprotetores”, explicou a cardiologista Rachel Matos Fernandes Magalhães, que tem pós-graduação em cardio-oncologia. Também é fundamental um estilo de vida saudável, com dieta balanceada e atividade física. “O exercício melhora o prognóstico cardiovascular e oncológico”, completou.

O segundo tópico são as emergências hematológicas, quando há a formação de trombos (coágulos). O paciente com câncer tem risco aumentado para a hipercoagulabilidade, que é a coagulação excessiva, e esses coágulos podem se desprender e se movimentar pela corrente sanguínea, num processo conhecido como embolia. O médico alemão Rudolf Virchow descreveu a tríade da trombose. Além da hipercoagulabilidade, ela é composta pela estase venosa e pela lesão ou injúria do endotélio vascular. A estase venosa é a diminuição do fluxo sanguíneo, situação comum quando a pessoa está acamada (mas pode ocorrer durante longas viagens aéreas, por exemplo). A lesão do endotélio vascular, a camada mais interna do vaso, resulta de um trauma, como uma punção com agulha. Há uma escala para avaliar o grau de risco do paciente – a Khorana Score – e medicamentos são utilizados na profilaxia.

Por fim, se por um lado temos a hipercoagulabilidade, sangramentos também podem levar o paciente oncológico à emergência. A médica hematologista Gloria Bomfim, professora associada Universidade Federal da Bahia, afirmou que as síndromes hemorrágicas ocorrem em 10% dos casos dos tumores sólidos e 30% dos tumores hematológicos. O tratamento é feito com agentes hemostáticos, que controlam o sangramento, endoscopia intervencionista e até cirurgia.


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