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    porto velho, quinta-feira 1 de maio de 2025

Uso frequente de cannabis afeta tratamento contra câncer de cólon

Cientistas analisaram dados de mil pacientes e encontraram uma relação direta entre o alto consumo da erva e o aumento da mortalidade em pacientes com câncer de cólon


Roberto Fonseca

Publicada em: 30/04/2025 10:17:00 - Atualizado

BRASIL: Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, fazem um alerta sobre o consumo recreativo de cannabis. Os cientistas encontraram uma relação direta entre o alto consumo da erva e o aumento da mortalidade em pacientes com câncer de cólon. A pesquisa, publicada no Annals of Epidemiology, analisou dados de mais de mil pacientes tratados nos EUA entre 2012 e 2024.

O estudo indica que pacientes com histórico de uso intenso da erva (diagnosticados com transtorno por uso de cannabis, CUD na sigla em inglês) apresentam uma probabilidade significativamente maior de morte em até cinco anos após o diagnóstico de câncer de cólon, em comparação com aqueles sem tal histórico.

Segundo os pesquisadores, os pacientes que fumavam cannabis tiveram uma taxa de mortalidade de 55,88% em cinco anos, enquanto os que não utilizavam a erva apresentaram uma taxa de 5,05% no mesmo período.

De acordo com os cientistas, o estudo sugere que o uso intenso de cannabis pode estar associado a problemas de saúde mental e comportamentos que comprometem o tratamento do câncer.

Os mecanismos exatos por trás dessa ligação ainda precisam ser totalmente elucidados, mas o estudo discute várias possibilidades. No âmbito biológico, há evidências emergentes de que a cannabis pode ter efeitos imunossupressores ao modular células T, essenciais na defesa contra o câncer. Além disso, o sistema endocanabinoide (que interage com a cannabis no corpo) pode promover a progressão de tumores, particularmente em malignidades gastrointestinais.

Do ponto de vista comportamental e de cuidados de saúde, os pacientes contumazes de cannabis, segundo o estudo, frequentemente vem acompanhado de condições como depressão e ansiedade. Essas comorbidades podem comprometer os tratamentos oncológicos recomendados, diminuindo a eficácia.

Pacientes com transtornos por uso de substâncias, em geral, tendem a ter diagnósticos mais tardios e menor engajamento com os cuidados médicos. Fatores como desvantagem socioeconômica, estigma e outras preocupações de saúde concorrentes também podem limitar o acesso a cuidados oncológicos de qualidade e em tempo hábil, segundo os cientistas.



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