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porto velho, terça-feira 9 de setembro de 2025
BRASIL: Os análogos de GLP-1, popularmente chamados de canetas emagrecedoras, são medicações que surgiram como tratamento promissor para diabetes e obesidade. Medicamentos como semaglutida, liraglutida e tirzepatida são cada vez mais usados por aqueles que desejam emagrecer rapidamente.
Eles controlam a fome e retardam o esvaziamento do estômago, logo a pessoa come menos, emagrece, e vários marcadores metabólicos melhoram.
Isso é ótimo. Mas, sem um plano alimentar individualizado, o emagrecimento pode vir acompanhado de cansaço constante, deficiências nutricionais, perda de músculo, e maior risco de reganho de peso quando a medicação é suspensa.
Como essas drogas reduzem muito o apetite, muita gente passa a comer pouco e pior, especialmente menos proteína. Estudos recentes mostraram que o uso das canetas pode levar a baixa ingestão proteica e pior qualidade da dieta, aumentando o risco de perda de massa muscular, se não houver ajuste nutricional (priorizar proteína em cada refeição e treinos de força).
A forte redução calórica, que costuma acontecer durante o tratamento com análogos de GLP-1, aumenta a chance de deficiência de vitaminas e minerais.
Em dietas muito baixas em energia é comum faltar ferro, cálcio, magnésio, zinco, vitamina D, B12 e folato, entre outros, especialmente se a pessoa também tiver náuseas, vômitos, evitar carnes/verduras ou “pular” refeições.
Diretrizes nutricionais para apoiar a terapia com GLP-1 reforçam esse ponto e orientam monitorar e suplementar quando necessário.
Emagrecer não deveria significar abrir mão do “motor” do metabolismo: os músculos. Estudos com avaliação por DEXA mostraram que, embora a maior parte do peso perdido com análogos de GLP-1 seja gordura, sempre há alguma perda de massa magra.
Revisões recentes estimam que cerca de 25% a 40% do peso perdido pode vir de massa livre de gordura, a depender da droga e principalmente da ingestão proteica e do treino de resistência ao longo do processo.
Um exemplo prático: se a pessoa eliminou 10 kg, até 4 kg podem ser de massa magra, se não proteger a massa muscular com proteína suficiente e musculação.
Recomenda-se que as perdas de massa magra sejam as menores possíveis. Isso se consegue com dieta e treino adequados durante o uso do medicamento. E após o tratamento?
Obesidade é uma condição crônica. Ensaios clínicos mostraram que, um ano após a interrupção do tratamento, participantes que não fizeram reeducação alimentar, recuperaram cerca de dois terços do peso que haviam perdido.
O acompanhamento nutricional e mudanças de estilo de vida reduzem muito esse efeito “sanfona”.
• Meta de proteína diária: a proteína deve ser ingerida em todas as refeições (por ex. 1,0–1,5 g/kg/dia, ajustado pelo nutricionista).
• Prato completo mesmo com pouca fome: inclua proteína + vegetais + fibras + boas gorduras (azeite de oliva, abacate, sementes) para obter vitaminas e minerais.
• Treino de força 2–4x/semana: para proteger a massa magra.
• Monitoramento laboratorial: ferro/ferritina, B12, vitamina D, cálcio, folato, entre outros — e suplementar quando indicado.
• Plano de manutenção: fazer acompanhamento nutricional e reeducação alimentar enquanto em uso da medicação (sono, manejo do estresse, exercício físico, escolha de alimentos mais saudáveis) para evitar reganho ao suspender a medicação. Análogos de GLP-1 funcionam, mas o como a pessoa perde peso importa. Com proteína suficiente, treino de força e acompanhamento nutricional, dá para perder mais gordura, menos músculo e manter o resultado quando o remédio sai de cena.