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porto velho, sexta-feira 17 de outubro de 2025
O emagrecimento acelerado causado pelo uso de medicamentos, por cirurgia bariátrica ou até mesmo por dietas restritivas pode trazer como risco colateral mudanças na aparência da pele do rosto apelidadas de "derretimento facial" ou "rosto de Ozempic".
Um artigo publicado no Aesthetic Surgery Journal em 2024 mostrou que a perda maciça de peso associada ao uso de canetas emagrecedoras ou intervenções cirúrgicas está relacionada ao envelhecimento facial precoce, sobretudo pela perda de volume de gordura na região malar (área acima das maçãs do rosto). As regiões ao redor da boca, dos olhos e do pescoço são as mais atingidas.
"Quando perdemos peso de forma acelerada, perdemos não apenas gordura subcutânea, mas também volume facial que dá sustentação à pele", explicou a dermatologista Ana Carolina Sumam. "O rosto possui compartimentos de gordura específicos que, quando reduzidos rapidamente, fazem com que a pele perca sua elasticidade natural e pareça mais flácida, criando sulcos mais profundos e uma aparência mais envelhecida."
O efeito costuma ocorrer principalmente em pessoas com mais de 40 anos, quando a produção de colágeno já está naturalmente reduzida e a pele não tem tempo para se adaptar à nova estrutura facial.
“O mais importante é que quem decide passar por uma perda de peso acelerada saiba que o rosto também vai sentir os efeitos. Mas, com acompanhamento adequado e os tratamentos certos, é possível prevenir esse derretimento facial e manter a harmonia da face”, acrescentou o dermatologista e cirurgião plástico Cristopher Cunha.
Produtos preenchedores, biorremodeladores ou bioestimuladores são capazes de redensificar a pele afetada pelo emagrecimento acelerado, devolvendo a sustentação e o volume para o rosto. O ideal, segundo os dermatologistas, é estimular um tratamento regenerativo, de maneira que o próprio corpo volte a produzir elastina e colágeno.
Para definir o protocolo e os produtos a serem usados em cada caso, é indispensável se consultar com seu médico.
"A prevenção é sempre a melhor estratégia. Existem algumas recomendações importantes, como manter uma perda de peso gradual e controlada, idealmente entre 0,5 a 1kg por semana", recomendou Ana Carolina Sumam. "Da mesma forma, é fundamental manter a hidratação adequada, tanto interna quanto externa, e considerar suplementação com colágeno hidrolisado. A massagem facial regular e exercícios faciais também podem ajudar a manter o tônus muscular."
Também é possível realizar procedimentos com bioestimuladores de colágeno, como Sculptra e Radiesse, de maneira preventiva, para estimular a produção da substância. Outra medida é investir em uma rotina de skincare robusta com retinoides, vitamina C e protetor solar diário para estimular a produção de colágeno.
Caso o "rosto de Ozempic" já tenha se instalado, também é possível reverter a situação com opções terapêuticas eficazes.
Para casos leves e moderados, há os bioestimuladores de colágeno e os biorremodeladores teciduais à base de ácido hialurônico (como o Profhilo). Além de preenchedores de ácido hialurônico (como os da linha Sofiderm), que podem devolver o volume perdido em áreas específicas do rosto.
“O ácido hialurônico devolve suporte à pele e ainda atrai água para a região, melhorando também a hidratação”, acrescentou Cristopher Cunha.
Para casos mais severos, também é possível realizar procedimentos não-cirúrgicos como radiofrequência, ultrassom microfocado (Ultherapy) e laser fracionado. E procedimentos cirúrgicos como fios de PDO, combinados a bioestimuladores.
"É importante lembrar que o tratamento deve ser personalizado e gradual, sempre respeitando a anatomia facial de cada paciente", reforçou Sumam.