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porto velho, segunda-feira 10 de novembro de 2025

PORTO VELHO-RO: A corrida pela beleza perfeita em Porto Velho tem levado muita gente a resultados desastrosos. Rostos deformados, sequelas físicas e traumas emocionais tornaram-se consequências frequentes de procedimentos estéticos realizados por pessoas sem habilitação adequada. A busca pela aparência ideal — impulsionada pelas redes sociais e pelos “milagres” prometidos na internet — transformou o que deveria ser um cuidado de saúde em uma perigosa roleta russa.
Nos bastidores dessa indústria lucrativa, profissionais de áreas diversas — e até mesmo sem formação específica — vêm se aventurando em procedimentos médicos complexos. Dentistas realizam cirurgias plásticas e harmonizações faciais; biomédicos aplicam substâncias de procedência duvidosa em consultórios improvisados; fisioterapeutas, por sua vez, passaram a usar aparelhos próprios para realizar exames e aplicar medicações manipuladas em pacientes, muitas vezes sem respaldo clínico ou autorização legal. Paralelamente, casas de estética continuam oferecendo botox e preenchimentos sem a presença de médicos ou supervisão técnica. Tudo isso, em flagrante desrespeito às normas do Conselho Regional de Medicina e às exigências sanitárias.
A situação se agrava com a ausência de fiscalização efetiva. As redes sociais tornaram-se vitrines para falsos especialistas que, por meio de filtros e promessas instantâneas, atraem clientes desprevenidos. Muitos desses anúncios oferecem preços “promocionais” e resultados imediatos, mas o que vem depois é dor, inflamação, infecção e, em alguns casos, deformações irreversíveis.
A pressa em conquistar o “rosto dos sonhos” tem custado caro. Em clínicas e emergências, médicos relatam o aumento de atendimentos por complicações decorrentes de produtos aplicados sem esterilização, anestesias mal administradas e técnicas aprendidas em cursos de poucas horas. A falta de informação e o desejo de economizar acabam sendo aliados do perigo.
É urgente que as autoridades sanitárias intensifiquem a fiscalização e que a população compreenda os riscos de confiar a própria saúde a quem não tem formação para cuidar dela. A beleza é legítima — mas jamais deve custar o bem mais precioso que alguém possui: a própria integridade física.