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    porto velho, quarta-feira 5 de novembro de 2025

Apneia do sono não tratada aumenta risco de demência, aponta estudo

Pesquisa revela que doença moderada a grave está associada a maior risco de microhemorragias cerebrais, podendo afetar o envelhecimento cerebral


CNN

Publicada em: 04/11/2025 08:52:53 - Atualizado

Talvez você saiba que ronca como um urso, mas não sente urgência em investigar isso. Ou talvez tenham lhe recomendado usar um aparelho CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) para apneia do sono, mas o considera muito incômodo.

Um novo estudo publicado no final de outubro na revista científica JAMA Network Open mostra que é importante levar a apneia obstrutiva do sono a sério agora — pois ela pode impactar seu risco de desenvolver demência e doença de Alzheimer no futuro.

De acordo com o estudo, a apneia obstrutiva do sono moderada a grave está associada a um maior risco de novas microhemorragias no cérebro.

"As microhemorragias cerebrais são um achado comum no cérebro em processo de envelhecimento", afirma Jonathan Graff-Radford, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Mayo Clinic em Rochester, Minnesota. Ele não participou da pesquisa.

As microhemorragias aumentam com a idade, e as pessoas que as apresentam têm um risco ligeiramente maior de futuros acidentes vasculares cerebrais e declínio cognitivo mais rápido, diz Graff-Radford. "Qualquer fator que aumente as microhemorragias é relevante para o envelhecimento cerebral", acrescenta.

Mais evidências de que você precisa tratar a apneia do sono

A apneia obstrutiva do sono é uma condição na qual o bloqueio das vias aéreas por tecidos moles fracos, pesados ou relaxados interrompe a respiração durante o sono. A condição é diferente da apneia central do sono, na qual o cérebro ocasionalmente deixa de enviar sinais para o corpo respirar.

Existem algumas formas de tratar a apneia obstrutiva do sono, incluindo o uso de dispositivos orais que mantêm a garganta aberta durante o sono, o uso regular de CPAP ou aparelho similar, e cirurgias.

O estudo tem uma metodologia sólida e deve enfatizar a importância do rastreamento da apneia do sono para os médicos e do tratamento para os pacientes, segundo Rudy Tanzi, professor de neurologia da Faculdade de Medicina de Harvard e diretor da Unidade de Pesquisa em Genética e Envelhecimento do Hospital Geral de Massachusetts em Boston. Ele não participou da pesquisa.

"Não ignore. Faça algo a respeito", afirma. "Não é apenas o risco imediato de hemorragias, mas também o risco futuro de desenvolver a doença de Alzheimer."

Não tratar a apneia obstrutiva do sono é um problema duplo, segundo Tanzi. Não dormir o suficiente com qualidade – algo difícil quando a respiração é prejudicada durante a noite – tem sido associado ao envelhecimento cerebral, mas as microhemorragias resultantes podem aumentar o risco de demência no futuro.

O estudo é observacional, o que significa que só pode estabelecer que a apneia obstrutiva do sono e as microhemorragias estão associadas, não que uma definitivamente causa a outra. Estudos adicionais precisarão examinar se o tratamento da apneia do sono pode prevenir as microhemorragias.

Conheça os sinais

Quando é hora de consultar seu médico sobre apneia obstrutiva do sono? Ronco alto e frequente é um bom indicador, segundo Tanzi.

Se seu parceiro percebe pausas em sua respiração enquanto você dorme ou episódios de engasgo e sufocamento, esse é outro sinal de que você deve investigar a apneia do sono.

Problemas durante o dia também podem ser bons indicadores. Sonolência, dificuldade de concentração, irritabilidade e aumento do apetite são sinais de que você pode não estar tendo um sono de qualidade e que pode ser hora de fazer uma avaliação para apneia do sono.

Suores noturnos também podem ser um sinal de apneia do sono, já que pesquisas mostraram que cerca de 30% das pessoas com apneia obstrutiva do sono relataram esse sintoma.

Acordar pelo menos duas vezes durante a noite, ranger os dentes e dores de cabeça matinais também podem indicar um problema.

O estudo mais recente "incentiva as pessoas a levarem isso mais a sério, porque os danos que podem resultar da apneia obstrutiva do sono podem ser definitivamente mais graves do que se imagina", afirmaTanzi.


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