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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
Um abraço entre mãe e filho selou o fim de uma longa trajetória de injustiça na quinta-feira, 16, quando Carlos Edmilson da Silva, um homem negro que ficou preso injustamente por 12 anos, foi solto pela Justiça. Ele havia sido condenado por dez estupros contra mulheres na Grande São Paulo, mas foi inocentado após exames de DNA da Superintendência da Polícia Técnico-Científica identificarem o verdadeiro culpado.
Em 10 de março de 2012, a Polícia Civil de São Paulo deteve Carlos, à época com 24 anos, como suspeito de ser um estuprador em série, e apontou que ele seria o responsável por ataques a mulheres em Osasco e Barueri, na região metropolitana da capital paulista.
Ele sempre negou os crimes, mas foi acusado e condenado por dez desses abusos, recebendo uma pena acumulada de 137 anos de prisão.
A virada no caso começou em 2019, quando a advogada Flavia Rahal foi contatada por um dos promotores envolvidos nos processos contra Carlos Edmilson. Flavia é cofundadora do Innocence Project Brasil, uma organização dedicada a corrigir erros judiciais que resultaram na condenação de pessoas inocentes.
"A forma como esse reconhecimento foi feito foi uma forma muito indutiva porque, na grande maioria dos casos, elas foram confrontadas com uma única fotografia deste único rapaz. Então, essa conjuntura induz a pessoa que passou por um momento traumático, que, na maioria das vezes, não tem a clareza daquilo que vivenciou, que são levadas a acreditar que aquela foi a pessoa que cometeu o ato", disse Flávia ao jornal.
Para provar a inocência dele, era necessário obter uma prova irrefutável. Essa evidência veio por meio do laboratório de DNA do Instituto de Criminalística de São Paulo. Os exames de DNA não apenas excluíram a participação de Carlos Edmilson nos crimes, como também apontaram o verdadeiro culpado: José Reginaldo dos Santos Neres, um homem que também é negro e que cumpria pena por outros crimes.
"A análise de DNA criminal, ela não tem por único objetivo indicar a culpa, indicar quem pode ter participado de dado crime. Ela pode servir muito bem essa análise pra inocentar pessoas que estejam sendo falsamente acusadas", explicou a perita Ana Cláudia Pacheco, diretora do Núcleo de Biologia e Bioquímica, em entrevista à TV Globo.