PORTO VELHO - RO - A passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Porto Velho, na última sexta-feira, 08, escancarou a profunda divisão política que ainda marca o país — e que tem em Rondônia um retrato fiel dessa polarização. Apesar do anúncio de mais de R$ 1,5 bilhão em investimentos, o foco do discurso presidencial acabou se desviando das obras e parou, mais uma vez, em ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O evento, realizado no Teatro Estadual Palácio das Artes, contou com um público bastante seleto. A maioria dos presentes teve acesso mediante credenciamento, o que limitou significativamente a participação popular. Nas ruas, a recepção ao presidente foi morna, com pequeno número de apoiadores, contrastando com manifestações de protesto. O clima tenso se agravou a ponto de resultar em confronto, deixando uma pessoa hospitalizada, após ser atacado por um manifestante petista.

Em vez de se concentrar nas ações do governo federal previstas para o estado, Lula voltou suas falas para criticar duramente Bolsonaro, a quem responsabilizou por retrocessos sociais e econômicos. O presidente também direcionou ataques ao deputado Eduardo Bolsonaro, chamando-o de “traidor da Pátria” por sua atuação nos Estados Unidos, onde o parlamentar tem denunciado o que considera abusos do STF contra a direita brasileira.

Dentro do teatro, embora alguns tenham aplaudido, grande parte do público apenas escutou em silêncio — sinal evidente de que nem todos os presentes estavam em sintonia com o tom do discurso presidencial.

A visita, que deveria simbolizar avanços em infraestrutura e investimentos no estado, acabou marcada por um ambiente político carregado, tensão nas ruas e declarações que reforçam ainda mais o abismo ideológico entre os dois principais polos da política nacional — um cenário que, em Rondônia, também se mostra cada vez mais explícito.