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porto velho, quarta-feira 10 de setembro de 2025
PORTO VELHO - RO - Em Porto Velho, ter plano de saúde deixou de ser garantia de atendimento. O que deveria ser um alívio para quem paga caro todo mês, virou uma dor de cabeça tão grande quanto enfrentar a fila do Sistema Único de Saúde (SUS).
Pacientes relatam que, mesmo desembolsando valores altos, não conseguem marcar consultas em tempo hábil. Há casos de quem precise de um gastroenterologista e só conseguiu vaga para dezembro — isso na rede particular, conveniada.
O contraste é gritante: enquanto as operadoras não hesitam em reajustar mensalidades, vendendo pacotes como se fossem “proteção e cuidado”, a prática diária é o abandono. O cliente paga, mas não tem médico. Paga, mas não tem exame. Paga, mas não tem resposta. A sensação é de que os usuários estão sendo explorados por um sistema que só funciona para enriquecer empresas, e não para cuidar da saúde de quem precisa.
Especialistas apontam que o colapso é reflexo também do baixo saneamento básico da capital, que amplia o número de doentes. Mas nada justifica a falta de compromisso das operadoras, que preferem empurrar seus clientes para meses de espera ao invés de oferecer estrutura compatível com o que cobram.
Diante desse descaso, é urgente que o Procon, o Ministério Público e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) saiam da inércia e fiscalizem de perto essas empresas. O consumidor não pode continuar refém de contratos abusivos, reajustes injustificáveis e promessas vazias. Quem paga caro por um plano de saúde quer atendimento de qualidade — e não uma fila interminável travestida de serviço privado.
Se nada for feito, Porto Velho continuará sendo a prova viva de que, quando o assunto é saúde suplementar, o cidadão é visto apenas como boleto quitado no fim do mês.