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porto velho, segunda-feira 10 de fevereiro de 2025
MUNDO: Se o economista e deputado de extrema direita Javier Milei vencer a eleição presidencial na Argentina, em outubro, especialistas acreditam que o Brasil vai manter um comportamento pragmático em relação ao vizinho, a despeito de posicionamentos políticos distintos entre Milei e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No último fim de semana, Milei venceu as eleições primárias, consideradas uma prévia da votação oficial na corrida à Casa Rosada.
Nas primárias, Milei teve 30,26% do total nacional (6,86 milhões de votos), um percentual que não havia sido previsto nas pesquisas. O resultado das prévias, segundo analistas, não vai mudar a relação diplomática do Brasil com a Argentina, já que elas servem apenas para qualificar os candidatos que vão disputar os cargos em cada partido.
No entanto, a tendência é que o Itamaraty não mantenha a mesma proximidade que tem hoje com o presidente Alberto Fernández, amigo pessoal de Lula, se Milei confirmar a vitória no pleito de outubro.
De todo modo, o Brasil não vai cortar os laços caso Milei se torne presidente, visto que a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul e o terceiro no mundo. De janeiro a julho deste ano, as exportações para a Argentina somaram US$ 11 bilhões, enquanto as importações registraram a marca de US$ 6,9 bilhões.
Milei é considerado um político ultraliberal. Algumas de suas propostas para a economia incluem a eliminação do Banco Central argentino. Ele também defende a dolarização da economia e a adoção do ouro e de criptomoedas como padrão monetário. Além disso, mostra-se favorável a propostas como taxação da educação e da saúde e permissão para a venda de armas e órgãos humanos.
Professor de relações internacionais da Universidade Federal de Santa Maria, Günther Richter Mros diz que Milei pode vir a ter algum problema com o Brasil mais pela postura ultraliberal na economia do que pelo comportamento ideológico diferente do de Lula. Para ele, a relação comercial com outros países da América do Sul também pode ser impactada.