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porto velho, sexta-feira 31 de outubro de 2025

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, voltou a provocar polêmica internacional com declarações sobre segurança pública e combate ao crime. Em menos de uma semana, o líder colombiano chamou de “barbárie” a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro e, dias depois, defendeu que barqueiros envolvidos no transporte de drogas no Caribe não sejam chamados de “traficantes”, mas de “trabalhadores do tráfico”.
Na primeira manifestação, Petro reagiu à operação conjunta das forças de segurança brasileiras no Complexo do Alemão e na Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em dezenas de mortos e tinha como alvo a facção Comando Vermelho (CV).
“Essas lutas contra as gangues não passam de barbárie — o mundo da morte se apodera da política”, escreveu o presidente nas redes sociais, sugerindo que o governador Cláudio Castro estaria repetindo práticas de governos autoritários. Petro também comparou a ação fluminense a antigas intervenções militares ocorridas na Colômbia.
A fala gerou forte reação entre autoridades brasileiras e especialistas, que viram nas críticas uma tentativa de interferência política em um tema interno e um silêncio oportuno sobre o avanço do crime organizado e do narcotráfico em território colombiano — problema que continua alimentando redes criminosas no continente.
Poucos dias depois, Petro voltou ao centro do debate internacional ao afirmar que os barqueiros perseguidos por operações norte-americanas no Caribe não deveriam ser chamados de traficantes.
“Na minha opinião, chamar esses barqueiros de ‘traficantes de drogas’ não é linguisticamente correto. Eles são trabalhadores do tráfico de drogas”, declarou, acrescentando que a pobreza os empurra a atuar sob ordens de grandes organizações criminosas.
A declaração, vista como tentativa de suavizar a imagem de envolvidos com o narcotráfico, foi duramente criticada por analistas e por aliados do ex-presidente norte-americano Donald Trump, com quem Petro mantém atritos. O colombiano chegou a acusar Trump de ser “rude e ignorante” com a Colômbia, após o republicano culpar o país pela expansão da produção de cocaína na região.
As duas falas — sobre a operação no Rio e sobre o tráfico marítimo no Caribe — evidenciam uma contradição política no discurso de Petro: enquanto condena com veemência ações policiais duras em outros países, adota um tom condescendente ao tratar de atividades criminosas ligadas à pobreza em sua própria região.
Para críticos, o presidente colombiano tenta se projetar como voz moral da esquerda latino-americana, mas suas posições acabam revelando incoerência e fragilidade diante dos desafios reais do combate ao crime e do narcotráfico, que continuam a afetar tanto a Colômbia quanto seus vizinhos.
