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    porto velho, sábado 1 de fevereiro de 2025

Como a Turquia de Erdogan virou a dor de cabeça do Tratado do Atlântico Norte (Otan)

Após anunciar apoio à adesão de Finlândia e Suécia à aliança militar, presidente turco Erdogan reforçou peso político de seu país


CNN

Publicada em: 01/07/2022 00:00:00 - Atualizado

MUNDO: A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) convidou formalmente a Finlândia e a Suécia a se juntarem à aliança na quarta-feira (29), depois de a Turquia ter retirado sua oposição ao tema. Foi um árduo processo que serviu para lembrar a aliança de suas fissuras mais profundas.

O presidente finlandês Sauli Niinistö disse que o governo turco havia concordado em apoiar as propostas de adesão do seu país e da Suécia, eliminando um grande obstáculo aos dois países que aderiram à Otan.

Embora o movimento tenha sido uma grande vitória para a Otan e um revés para a Rússia, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não cedeu sem reforçar sua parcela no peso político de seu país na aliança.

Antes de assinar um memorando conjunto com as duas nações nórdicas, Erdogan declarou na terça-feira que a Otan “não pode se dar ao luxo” de perder a Turquia como membro.

A fala do presidente foi uma resposta à frustração na aliança ocidental sobre a oposição do governo turco à admissão dos dois países tradicionalmente neutros que se sentiam obrigados a aderir ao grupo por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Turquia virou uma dor de cabeça para a Otan. Mas os recentes acontecimentos geopolíticos mostraram que essa é uma dor que a aliança terá de tolerar. Especialistas dizem que Erdogan sabe disso muito bem e usou o lugar do seu país no grupo para sedimentar seus interesses nacionais.

Numa guerra europeia que se tornou essencialmente um conflito entre o governo russo e a Otan, a Turquia se posicionou como uma parte neutra, optando por não se juntar aos seus aliados nas sanções à Rússia e se oferecendo como mediadora entre as partes em conflito. Ela apoiou a Ucrânia na guerra, mas teve o cuidado de não antagonizar o governo russo.

Para os especialistas, a Turquia é hoje mais valiosa do que nunca para a OTAN. O país fica na ponta sudeste da aliança, uma área estratégica entre a Rússia e o Ocidente. Além disso, a Turquia mantém o segundo maior exército da aliança depois dos EUA, e faz fronteira com uma parte dos países do Oriente Médio com histórico de instabilidade política e onde os estados ocidentais têm interesses importantes.

O governo turco, no entanto, nem sempre foi um espinho entalado na garganta da aliança.

A Turquia aderiu à Otan em 1952, três anos depois da sua formação no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, e considera que a aliança é “a pedra angular” da sua política de defesa e segurança. Mas analistas e historiadores dizem que, embora a Turquia tenha servido historicamente aos interesses estratégicos do grupo, ela se tornou uma força disruptiva sob o governo de Erdogan.

O atual presidente serviu como primeiro-ministro de 2003 a 2014, e ocupa a presidência desde 2014.


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