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    porto velho, sexta-feira 31 de outubro de 2025

Racha no Supremo fica evidente após jantar de Lula em apoio ao ministro Moraes

Fontes próximas ao STF relatam que o mal-estar já vinha se arrastando desde antes das sanções


Redação

Publicada em: 01/08/2025 10:47:14 - Atualizado


O jantar oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de quinta-feira (31), no Palácio da Alvorada, para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), evidenciou não apenas um gesto de apoio ao ministro Alexandre de Moraes após as sanções impostas pelos Estados Unidos, mas também revelou uma crescente divisão dentro da própria Corte.

Dos 11 ministros do Supremo, apenas seis compareceram ao encontro: o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, além de Gilmar Mendes, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Flávio Dino e o próprio Moraes. Os outros cinco — Cármen Lúcia, Luiz Fux, Dias Toffoli, André Mendonça e Kassio Nunes Marques — optaram por não participar da reunião, o que foi interpretado nos bastidores como um sinal de desconforto ou dissidência em relação ao posicionamento do colega e à condução do STF diante de questões sensíveis envolvendo liberdades civis e atuação política.

O gesto de Lula foi lido como um apoio explícito à atuação de Moraes, particularmente no enfrentamento de grupos extremistas e no controle de desinformação nas redes. No entanto, para alguns ministros, o jantar teria sido inoportuno, num momento em que a Corte deveria zelar por sua imagem de independência e imparcialidade — especialmente após as sanções do governo norte-americano, que classificou Moraes como violador de direitos civis com base na Lei Magnitsky.

Fontes próximas ao STF relatam que o mal-estar já vinha se arrastando desde antes das sanções, mas o episódio recente serviu para aprofundar a cisão entre os magistrados com posturas mais garantistas e os mais alinhados à linha dura adotada por Moraes em temas como liberdade de expressão, combate às fake news e atuação da oposição.

A ausência dos ministros nomeados por presidentes de perfil mais conservador, como Mendonça e Nunes Marques, além da notória discrição de Cármen Lúcia e Fux, reforça a percepção de que o STF não fala mais com uma única voz. Internamente, há quem defenda um recuo estratégico e uma reavaliação da atuação do Supremo frente ao novo cenário internacional, especialmente diante do impacto que o caso Moraes pode ter sobre a credibilidade da Corte fora do país.

A expectativa agora recai sobre a sessão desta sexta-feira (1º), quando o ministro Alexandre de Moraes deve se pronunciar formalmente sobre as sanções. Nos bastidores, é aguardado também o tom adotado pelos demais ministros — principalmente os ausentes no jantar — que poderão deixar ainda mais claro o grau de alinhamento (ou distanciamento) em relação à atual condução do Supremo.

Enquanto isso, Lula segue tentando costurar uma narrativa de unidade institucional, mas a realidade aponta que o STF está longe de ser um corpo monolítico. O caso Moraes versus Trump, ao que tudo indica, será um teste não apenas para a diplomacia brasileira, mas para a coesão e a imagem do próprio Judiciário no país.


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