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    porto velho, sexta-feira 10 de outubro de 2025

Café robusta de Rondônia se destaca por capturar mais carbono do que emite

O estudo aponta que cada hectare do grão amazônico retira da atmosfera, em média, 6,8 toneladas de gás carbônico por ano, enquanto emite 2,9 toneladas no mesmo período...


Redação

Publicada em: 09/10/2025 10:10:55 - Atualizado

Foto: Reprodução

RONDÔNIA - Um levantamento da Embrapa mostrou que as lavouras de café robusta cultivadas na região conhecida como “Matas de Rondônia” estão ajudando a combater os efeitos das mudanças climáticas. O estudo aponta que cada hectare do grão amazônico retira da atmosfera, em média, 6,8 toneladas de gás carbônico por ano, enquanto emite 2,9 toneladas no mesmo período. 

Na prática, o saldo ambiental é positivo, com cerca de 3,8 toneladas de CO₂ a menos por hectare/ano.

A região das Matas de Rondônia, que reúne 15 municípios produtores, entre eles Cacoal, São Miguel do Guaporé e Seringueiras, concentra a maior parte da produção do estado. A cafeicultura local é desenvolvida majoritariamente por agricultores familiares, que representam 95% dos produtores.

O pesquisador Enrique Anastácio Alves explica que práticas como cobertura verde, manejo sustentável e sistemas arborizados melhoram o microclima, conservam água e aumentam a fertilidade do solo, elevando a produtividade e a qualidade dos grãos. Ele destaca ainda que plantas mais velhas podem ser aproveitadas como lenha na torra do café, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e mantendo o balanço de carbono favorável.

De acordo com o biólogo Marcelo Ferronato, presidente da ONG Ecoporé, embora uma floresta nativa madura absorva mais carbono, o café robusta amazônico já é capaz de compensar o equivalente às emissões de três carros de passeio em um ano.

Para medir esse impacto, foi desenvolvida uma calculadora baseada em análises de raízes, troncos e folhas de 150 plantas. A ferramenta cruza informações sobre emissões de cada etapa da produção e calcula o saldo final de carbono. O sistema integra o Projeto CarbCafé e será apresentado na COP 30 como exemplo de solução verde para a agricultura.

Rondônia hoje responde por 87% do café produzido na Amazônia e ocupa a segunda posição nacional na produção de robusta, atrás apenas do Espírito Santo. 

Com produtividade média de 68,5 sacas por hectare, a cafeicultura rondoniense busca avançar ainda mais em sustentabilidade por meio de adubação orgânica, sistemas agroflorestais e clones resistentes às mudanças climáticas.


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