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porto velho, sexta-feira 10 de outubro de 2025
JI-PARANÁ (RO) — Quem viu o senador Confúcio Moura (MDB) no palanque da chamada “Caminhada da Esperança”, em Ji-Paraná, no último fim de semana, teve a rara oportunidade de presenciar um político habitualmente sereno em modo “lava a alma”. Irritado com o que chamou de “ingratidão do povo de Rondônia”, Moura disparou contra o que considera o injusto desprestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estado.
O tom foi de desabafo e desilusão:
“Lula tem mandado caminhões de recursos pra Rondônia e o povo ainda torce o nariz. Isso é ingratidão!”, reclamou o senador, entre gestos teatrais e olhares de reprovação lançados à plateia — formada majoritariamente por simpatizantes da esquerda que fingiam entender o drama sem piscar.
O episódio, naturalmente, viralizou mais rápido que promessa em ano eleitoral. Na internet, enquanto uns aplaudiam a coragem do senador, outros ironizavam a cena: “Faltou o caminhão do carisma junto com os de recursos”, escreveu um internauta espirituoso.
Desgastado com o peso de defender um presidente com baixa popularidade em terras onde o antipetismo é quase esporte, Confúcio parecia um náufrago político tentando salvar o barco do governo federal no meio do Madeira. O detalhe é que, desta vez, o rio estava raso — e o aplauso também.
Em tempos em que “defender Lula em Rondônia” é quase um ato de fé, o ex-governador parece ter descoberto que a gratidão política é um animal em extinção — e que, por aqui, o eleitor é afeito a recursos, sim, mas prefere que cheguem sem bandeira vermelha e sem discurso inflamado.
No fim, o que ficou foi a cena: um Confúcio indignado, o microfone tremendo na mão e um público dividido entre o constrangimento e a vontade de pedir um replay.
Porque, convenhamos: se política é teatro, o de Ji-Paraná teve drama, comédia e um toque de tragicomédia rondoniense.