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porto velho, terça-feira 11 de fevereiro de 2025
MUNDO: Quando um avião que carregava o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, caiu num acidente violento a noroeste de Moscou na semana passada, observadores na Rússia e em todo o mundo lembraram imediatamente de dois fatos indiscutíveis.
Em primeiro lugar, Prigozhin desafiou abertamente o presidente russo, Vladimir Putin. E, em segundo lugar, inúmeros outros que desafiaram Putin encontraram mortes violentas e prematuras.
Na tentativa de compreender o que aconteceu, outro fato ficou claro: o Kremlin não era o local para procurar respostas simples e credíveis. A palavra do Kremlin não é, digamos, uma boa fonte de verdade independente e confiável.
Na verdade, quando o porta-voz de Putin chamou de “mentira absoluta” as alegações de que o país tinha mandado matar Prigozhin, pareceu uma declaração protocolar que já ouvimos ante. Enquanto isso, críticos de Putin, um após o outro, encontram finais macabros.
Putin e o seu círculo íntimo estão em guerra com a verdade há décadas. Mais recente e notoriamente, alegaram falsamente que a Ucrânia seria governada por nazis e, que, apesar das evidências óbvias em contrário, não é um país de verdade.
Ditadores, autocratas e homens fortes têm uma longa história de luta contra a verdade ao perseguirem seus objetivos. O mesmo acontece com os aspirantes a autocratas, indivíduos que gostariam de desfrutar dos benefícios de um poder enorme e duradouro e estão dispostos a quebrar todo o tipo de normas para adquiri-lo e mantê-lo.
Num dos momentos de tela dividida mais notáveis da história, o acidente de Prigozhin competiu pelos holofotes noticiosos com uma onda de detenções relacionadas com os esforços do antigo presidente norte-americano Donald Trump para reverter o resultado das eleições perdidas de 2020 — a sua própria negação da verdade e da realidade.
O mundo está no meio de uma deriva autoritária global. De maneiras diferentes, tanto Putin como Trump são atores-chave nesse fenômeno. E cada um deles está enfrentando uma resistência determinada contra seus esforços.
Os esforços de Putin para refazer o mundo ao seu gosto e a sua missão de colocar a Ucrânia sob o domínio de Moscou, chocaram-se contra a realidade de que a Ucrânia é, de fato, um país e não está disposta a submeter-se aos caprichos de Putin.
E Trump, que ainda vive num país onde existe um poder judicial independente, está se deparando com o fato de que, por mais liberdade que se tenha para gritar mentiras ao microfone e tentar enganar o país, não há direito da Primeira Emenda que garanta a tentativa de intimidar funcionários eleitorais ou subverter as regras eleitorais.
Na semana passada, Trump se entregou à prisão em Atlanta, onde é acusado de um esquema criminoso para essencialmente roubar as eleições de 2020. Trump negou todas as acusações nesta e em outras três acusações criminais.