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porto velho, sexta-feira 2 de maio de 2025
PORTO VELHO - RO - Nos bastidores do MDB de Rondônia, dois pesos-pesados da legenda caminham em direções opostas, apesar da aparência de cordialidade.
De um lado, o senador Confúcio Moura aposta na reaproximação da legenda com o governo Lula. Do outro, o deputado federal Lúcio Mosquini, presidente estadual do partido, resiste frontalmente à ideia de qualquer aliança com o petismo. O resultado: um MDB rachado entre duas estratégias eleitorais antagônicas de seus caciques.
Há tempos Mosquini vem avisando que deve deixar o partido na próxima janela partidária. No entanto, em entrevista recente, ponderou que anteciparia a saída apenas para repassar o comando estadual ao próprio Confúcio. A sinalização expôs a tensão velada entre os dois parlamentares, que até agora mantinham um pacto de respeito mútuo, mas que começam a dar sinais de ruptura.
O impasse veio à tona com uma nota assinada pelo secretário-geral da legenda, Luiz Lenze, pedindo publicamente a saída imediata de Mosquini. Segundo ele, a indecisão do deputado sobre disputar o governo e não pular logo fora do ‘barco’, deixa o partido “à deriva”. A provocação foi clara.
Mas o jogo virou. Em um movimento articulado, lideranças emedebistas – com anuência de Confúcio – publicaram uma nova carta, agora defendendo a permanência de Mosquini e sugerindo seu nome como candidato ao governo em 2026. A tentativa de reaproximação, porém, parece mais estratégica do que sincera.
Na prática, Confúcio deseja manter o MDB como aliado do Planalto, participando da articulação nacional lulista com vistas ao próximo pleito. Já Mosquini refuta qualquer composição com a esquerda, lembrando que Rondônia tem perfil majoritariamente conservador e avesso ao PT. “Meu eleitorado não aceita aliança com Lula”, tem repetido o deputado.
O contraste entre os dois líderes não é apenas ideológico. É de projeto. Enquanto Confúcio joga no tabuleiro federal com vistas à estabilidade institucional e alianças amplas, Mosquini quer disputar o governo de Rondônia como representante da oposição bolsonarista.
O resultado é um partido dividido e paralisado em suas articulações em pleno ano pré-eleitoral, com duas lideranças experientes puxando a ‘caçamba’ em sentidos contrários.
Para analistas políticos, a convivência respeitosa entre os dois pode até continuar nos corredores de Brasília, mas na prática, MDB e neutralidade já não cabem na mesma frase.