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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
É o que se conclui da pesquisa Global Fraud Survey, publicada pela empresa Ernst & Young a cada dois anos. Foram ouvidos 2.550 executivos de 55 países. Do Brasil, foram ouvidas 50 pessoas.
De acordo com a pesquisa, em 2014, ano que entrou em vigor a Lei Anticorrupção, 70% dos empresários diziam haver corrupção nas empresas. O crescimento para 2018 foi significativo. Mas só o de quem ouviu dizer. Quando o recorte acontece dentro do próprio setor de trabalho dos entrevistados, a percepção também aumentou, mas em uma escalada menor, de 18% em 2014 para 20% em 2018.
No papel
Para Guilherme Meistre, sócio de investigação e fraudes da Ernst & Young, o estudo demonstra que “a intolerância à corrupção está no campo das intenções”. “Ainda existe um caminho a percorrer para efetivamente impedir que ela aconteça”, concluiu.
A aparência de integridade, no entanto, não tem muito a ver com a vontade de ser correto. É mais uma estratégia de negócio, afirma José Francisco Compagno, sócio da mesma Ernst & Young.
“Tem uma razão mais intrínseca de querer fazer a coisa certa porque é a coisa certa, mas tem o objetivo de negócio, extremamente relevante, que é manter o valor das organizações. A grande maioria investe no combate à corrupção e de fraude para preservar valor para os seus acionistas. O que não deixa de ser um motivo legítimo também”, comentou Compagno.
Para ambos os sócios, a distância entre as intenções e o comportamento real das corporações no Brasil pode estar na falta dos mecanismos de fiscalização das políticas e leis internas, além da aplicação de punições quando estas regras são quebradas. Ou seja, para combater a corrupção não é suficiente escrever suas "missões e valores" ou seu "código de conduta", mas efetivamente monitorar estas normas.