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porto velho, terça-feira 16 de setembro de 2025
PORTO VELHO – RO - A implosão de 71 dragas no Rio Madeira, em operação de combate ao garimpo ilegal, deixou um rastro de prejuízos econômicos, sociais e ambientais de proporções alarmantes. Cada embarcação continha óleo diesel, gasolina e produtos inflamáveis, que ao serem detonados espalharam-se pelas águas, contaminando o rio e ampliando os riscos à saúde humana.
O mais grave é o silêncio ensurdecedor das bancadas de deputados e senadores de Rondônia e do Amazonas. Nenhum parlamentar se manifestou sobre os impactos causados às comunidades ribeirinhas e ao comércio regional, que agora enfrentam queda na circulação de dinheiro e efeitos diretos na economia local.
Críticos da operação defendem que, antes da destruição, por uma questão de prevenção e respeito ao devido processo legal, os garimpeiros deveriam ter sido notificados para retirada dos equipamentos, e não surpreendidos com uma ação abrupta que lhes negou qualquer chance de defesa.
Especialistas alertam que o desastre vai além da destruição das dragas: há risco real de intoxicação de peixes e de comprometer o abastecimento de água das cidades. Para ambientalistas, a medida, embora tida como legal, foi executada sem um plano eficaz de contenção de resíduos tóxicos — uma contradição gritante em nome da preservação ambiental.
É urgente que autoridades estaduais e federais encontrem uma saída equilibrada para o conflito entre a repressão ao garimpo e a proteção da vida no Madeira. A população não pode continuar pagando a conta de operações que resolvem um problema e criam outro, talvez ainda mais grave.