• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, domingo 6 de julho de 2025

Bolsonaro discursa aos gritos, usa palavrões e diz que eleição pode ser conturbada

Bolsonaro participou de um encontro com empresários


Notícias ao Minuto

Publicada em: 17/05/2022 08:54:16 - Atualizado


BRASIL - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou, nesta segunda-feira (16), a relativizar os atos de raiz golpista do 7 de Setembro do ano passado, tratando-os como manifestações de liberdade de expressão, e disse que nunca irá para a cadeia.

"A liberdade é mais importante que a nossa própria vida. Em mais da metade do meu tempo eu me viro contra processos. Ainda falam que eu vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso", afirmou o chefe do Executivo federal, que na sequência emendou: "Não estou dando recado para ninguém." Bolsonaro é alvo de inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em fala de improviso e aos gritos, o presidente se irritou em diferentes momentos, falou uma série de palavrões e ameaçou mais uma vez não cumprir decisões do STF sobre terra indígena. Bolsonaro ironizou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), chamado por ele de "inexpugnável".

O discurso do presidente foi feito a empresários presentes em um almoço fechado que marcou a abertura de uma feira da Apas (Associação Paulista de Supermercados), no Expo Center Norte, na zona norte da capital paulista.

A organização do evento afirma que 720 pessoas, incluindo autoridades, assistiram à cerimônia. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao Governo de São Paulo, também discursaram.

O presidente elogiou os empresários do setor de abastecimento. "Vocês foram excepcionais na pandemia", afirmou. "Mas tudo pode acontecer. Podemos ter outra crise. Podemos ter umas eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar, para um lado ou pro outro, a suspeição de que elas não foram limpas? Não queremos isso."

Ele voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e o TSE por não aceitar novas sugestões das Forças Armadas à Comissão de Transparência nas Eleições (CTE), criada por aquela corte.

Em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, distante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro disse aos espectadores não ser um ditador. "Eu não sou ditador. Sou uma pessoa que tem responsabilidades pelo Brasil. E digo: se Deus me deu essa missão, eu vou ter que cumpri-la. E sempre falo: só ele me tira de lá. Não adianta alguém querer inventar uma canetada por aí, que não vai conseguir."

O presidente também disse aos empresários que não pediria a eles que não o abandone agora, mas que isso caberia à consciência de cada um deles.

"Não sou fodão, não. Mas creio que já dei mais do que provas suficientes a todos de que tem que conduzir com pulso firme o destino do Brasil. Eu não manjo nada de economia. Assim como o Guedes não manja nada de política. Eu sou o técnico do time."

Bolsonaro também ironizou Lula, a quem chamou de "nine" (nove, em inglês) e "analfabeto", e o ex-governador paulista João Doria (PSDB). "O engravatado lá, o cara que nunca sentiu cheiro de pobre na vida", disse sobre o tucano, a quem apoiou em 2018 na dobradinha BolsoDoria.

O mandatário criticou novamente o fechamento de comércios por governos estaduais durante a pandemia, medidas que ele chamou de absurdas. E culpou o STF por limitar a ação dele na gestão da crise sanitária. "Eu não tive poder de administrar a pandemia. O Supremo deu poder para os governadores e prefeitos. E barbaridades foram feitas."

Além das medidas de tentativa de conter a disseminação do vírus, Bolsonaro usou o surgimento de novos casos de Covid-19 na China para levantar dúvidas sobre a eficácia da vacina Coronavac. "Por que a China tá com Covid? Não é de lá a vacina? Qual é o problema? Ou era vacina só para exportar? Não era para ter ninguém com Covid na China", ironizou.


Fale conosco