PORTO VELHO - RO - As eleições de 2026 já produzem um fenômeno peculiar em Porto Velho: quase toda a Câmara Municipal resolveu se assanhar para disputar vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal. Dos 23 vereadores, pelo menos 20 ensaiam abandonar o mandato em busca de projeção estadual.

A capital, que desde 1982 tradicionalmente emplaca entre sete e oito deputados estaduais, dificilmente repetirá o feito. A multiplicação de candidaturas — muitas delas frágeis e sem densidade política — fragmentará os votos, abrindo espaço para que o interior, mais coeso e bairrista, conquiste posições estratégicas no Legislativo.

O detalhe mais constrangedor é que até vereadores inexpressivos, sem trabalho relevante ou marca de atuação, já se apresentam como futuros “representantes do povo rondoniense”. Nomes como Thiago Tezzari, Pedro Geová, Pastor Bruno Luciano, Adriano Gomes e Edmilson Dourado, entre outros, enxergam na disputa estadual a chance de sobreviver politicamente, mesmo sem ter consolidado trajetória na capital.

A situação gera um paradoxo: enquanto o interior concentra força eleitoral em poucos nomes competitivos, Porto Velho se perde em candidaturas improvisadas, muitas delas mais interessadas em barganhas partidárias do que em um verdadeiro projeto político. O resultado é previsível: a capital, que deveria ser protagonista, pode sair do pleito esvaziada, com menos cadeiras e menor voz nas decisões estaduais.

Ao apostar em uma corrida desenfreada, Porto Velho arrisca transformar sua Câmara de Vereadores em uma fábrica de candidatos de ocasião. O eleitor, no entanto, já começa a perceber que, por trás do assanhamento, falta consistência — e sobra vaidade.